Infecção do Trato Urinário

Infecção do trato urinário (ITU) é uma causa recorrente de procura ao atendimento médico, sendo mais comum nas mulheres jovens ou menopausadas e nos homens adultos ou idosos.

Nas mulheres, a principal via de transmissão se dá pela contiguidade, isto é, bactérias presentes na região da vagina ascendem até a bexiga. Já nos homens há uma maior correlação entre o prostatismo, retenção urinária e proliferação bacteriana.

O diagnóstico é confirmado através da presença de bactérias no exame de cultura de urina, cujas bactérias mais comuns são a Escherichia coli (75-90%), Staphylococcus saprophyticus (5-15%), Proteus mirabilis, Klebisiella pneumonae e Entorococcus faecalis.

A ITU pode ser classificada em 3 entidades:
Bacteriúria assintomática (colonização da urina): Ausência de sintomas, sem a necessidade do uso de antibióticos, exceto nos grupos especiais como gestantes e pacientes que serão submetidos a procedimentos urológicos.

Cistite (infecção do trato urinário baixo): Normalmente se apresenta com sintomas locais como ardência ao urinar, aumento da frequência, urgência, sensação de esvaziamento incompleto e dor no “pé da barriga”. O tratamento é realizado com antibiótico.

Pielonefrite (infecção do trato urinário alta): Geralmente se apresenta após um quadro de cistite com sintomas locais associado aos sintomas sistêmicos de toxemia (febre, calafrios, inapetência, mialgia, dor lombar). O tratamento também é realizado através do uso de antibióticos.

O nefrologista estuda quais os principais motivos que levam a infecção do trato urinário, através da pesquisa das medidas comportamentais, investigação anatômica e funcional, saúde intestinal e ginecológica. Uma vez tratado e identificado o motivo da recorrência, iniciam-se as medidas preventivas com monitoramento adequado.

Injúria Renal Aguda

O comprometimento renal pode ocorrer de forma abrupta, com perda rápida de função renal decorrente de insultos agudos (por exemplo: desidratação grave, hemorragia, sepse, infarto, toxicidade, dentre outros). Esse cenário é presenciado principalmente em regime de hospitalização e pode ocorrer em pacientes com ou sem história de doença renal prévia. Em geral, pacientes com doença renal crônica e transplantados renais tem maior risco de injúria renal aguda sobreposta. Quadros graves podem necessitar de hemodiálise durante a internação hospitalar, sendo esta realizada majoritariamente em unidade de terapia intensiva. A depender do quadro clínico, a recuperação da função renal ocorre de maneira completa ou parcial, mas em alguns casos o paciente pode evoluir para necessidade de diálise crônica ou transplante renal. O médico nefrologista atua diariamente na avaliação e manejo de pacientes com injúria renal aguda através da visita hospitalar.

Diálise

A diálise é um tratamento de suporte renal. Em pacientes com necessidade de diálise crônica existem duas modalidades principais:

• Diálise Peritoneal: é feita através de um cateter instalado na cavidade peritoneal (abdome). O peritônio é uma fina membrana que reveste o aparelho digestivo. Essa membrana é a responsável por realizar a filtração na diálise peritoneal a partir da troca de solutos e eliminação de excesso de água quando em contato com a solução de diálise infundida pelo cateter para dentro da cavidade peritoneal. Esse procedimento pode ser feito manual ou automaticamente através de uma máquina. Essa modalidade de diálise pode ser realizada em casa diariamente após período de treinamento. O acompanhamento com médico nefrologista deve ser realizado em visitas à clínica de diálise ao menos 1 vez por mês.
• Hemodiálise e Hemodiafiltração: modalidades realizadas através de um acesso vascular (cateter instalado em veia venosa central ou fístula arteriovenosa confeccionada cirurgicamente no braço), o qual é conectado em uma máquina de diálise. Esta possui um filtro biocompatível por onde circula o sangue. Após filtrado, o sangue retorna para o paciente pelo mesmo acesso vascular. O excesso de líquido é retirado também pela máquina (ultrafiltração) enquanto o sangue circula, conforme prescrição médica. Esta modalidade é majoritariamente realizada em clínicas de diálise, cerca de três vezes por semana, com duração em geral de 4 horas. Há centros especializados que oferecem hemodiálise domiciliar após avaliação criteriosa. Na clínica de diálise, o paciente tem contato com médico nefrologista em todas as sessões, o qual realiza avaliação periódica de sinais e sintomas em conjunto com a equipe multiprofissional.

Doença Renal Crônica

A doença renal crônica é definida como alteração renal funcional ou estrutural persistente por > 3 meses com impacto na saúde. O diagnóstico pode ser feito através da história clínica e familiar, exame físico e exames complementares. A presença de edema (inchaço) de membros inferiores, espuma na urina e piora de controle pressórico hipertensivo podem ser sinais de doença renal. Os exames iniciais a serem realizados englobam exame de sangue (por exemplo, a creatinina sérica), exame simples de urina (por exemplo, urina tipo 1) e exame de imagem (por exemplo, ultrassonografia de rins e vias). Uma vez confirmado o diagnóstico, o médico nefrologista investigará as possíveis causas para a definição do melhor tratamento e prevenção de progressão da doença renal. A biópsia renal pode ser necessária para definir a causa e prognóstico da doença renal.

As principais causas de doença renal crônica são: Diabetes, Hipertensão Arterial, Doença de Rins Policísticos e Glomerulopatias. Doença renal do Diabetes é a etiologia mais prevalente em todo o mundo. A Doença de Rins Policísticos é a principal causa hereditária de doença renal crônica. Dentre as Glomerulopatias, as principais causas no adulto são: Nefropatia da IgA, Glomeruloesclerose Segmentar e Focal (GESF) e Nefropatia Membranosa.

Após definição de diagnóstico e etiologia, o médico nefrologista realizará a classificação da doença renal calculando a taxa de filtração do rim e quantificando a perda de proteína na urina se houver. Casos avançados necessitam de consultas mais frequentes pelo risco de progressão para diálise ou transplante renal, o que requer cuidado mais especializado.

Transplante Renal

Pacientes que estão em diálise ou com perda acentuada da função renal mas que ainda não iniciaram diálise podem ser submetidos ao transplante renal através da doação de rim. O doador de rim pode ser vivo (caso tenha familiar compatível e apto para doação) ou falecido. Para doador falecido, o paciente é inserido na lista de espera de transplante renal. A cirurgia de transplante renal é realizada por equipe de urologia especializada e o manejo do paciente pré e pós transplante é feito pelo médico nefrologista. Após o transplante renal, o paciente necessitará de medicações imunossupressoras (aquelas que reduzem a ativação do sistema imunológico) para evitar a rejeição do órgão recebido e manter seu funcionamento adequado. O seguimento pós transplante deve ser feito de maneira rigorosa com consultas frequentes ao médico nefrologista.